Coisas de Barão Geraldo!
Um dos túmulos mais visitados do Cemitério da Saudades, em Campinas é do Toninho Escravo, mais conhecido por "Preto Véio". Um túmulo simples, que brilha mais que os outros que estão à sua volta. Todo esse brilho vem das placas de agradecimento de pessoas que dizem ter recebido uma graça pelo Preto Véio. Toninho conheceu a liberdade mas, surpreendentemente, preferiu servir o "seu senhor" o Barão Geraldo de Rezende. Foi o braço direito e cocheiro da fazenda Santa Genebra de propriedade do Barão. Como o Barão confiava em poucas pessoas, seu homem de confiança era o Toninho. Se ainda hoje existe preconceito, imagine na época. A amizade dos dois durou a vida toda, quando o Barão já cansado e vendo que se aproximava da morte, mandou construir um belo túmulo todo trabalhado em Mármore Carrara, o local fora escolhido pelo próprio Barão Geraldo, onde queria ser enterrado. Aí aconteceu algo inusitado o Toninho que já estava preocupado com a saúde do Barão pediu para ser enterrado junto. O pedido caiu como uma bomba na família Rezende. Não só a família, mas toda a sociedade, influenciada pelos valores sociais da época acabaram por cobrar do Barão uma posição. O Barão resolveu demonstrar sua gratidão de outra forma, comprou um terreno ao lado do seu túmulo, e foi lá que o escravo Toninho foi sepultado, ao lado do seu senhor. Toninho morreu antes, no dia 13 de março de 1904 e o Barão faleceu em 01 de outubro de 1907. Os túmulos estão lá até hoje. Para encontrar é fácil fica bem na entrada do cemitério. O interessante é que o mais visitado e o mais famoso é o mais simples, porém o que mais brilha. Só para terminar esta história: o distrito de Barão Geraldo é conhecido como a terra onde o Boi Falô. Segundo a lenda era uma sexta-feira Santa, o administrador da fazenda pediu para um escravo ir até o local onde o gado costumava descansar, e pegar um boi para fazer uma tarefa. Ao chegar ao local, o escravo tentou pegar o boi para a tal tarefa e para o espanto do homem o boi disse a ele: "hoje não é dia de trabalhar é dia do Senhor. Assustado o escravo saiu correndo, e ao encontrar o administrador que perguntou pelo boi, ele apenas respondeu "o boi falô" Adivinhem de quem era o boi e para quem ele falou.