sábado, 28 de setembro de 2013

A difícil vida fácil


*Essa foto não tem nada a ver com a história, ela é meramente ilustrativa*
Senta que lá vem história. E essa é uma PUTA história!!!
Imaginem vocês um menino de 13 anos, que era o responsável pela faxina em um dos melhores estúdios de fotografia da cidade. A história que irei contar aconteceu em 1973. Eu era o único menino que  trabalhava no estúdio, até por isso eles me chamavam de Carlinhos. Parei de estudar e decidi trabalhar para ajudar meus pais (mas essa é uma outra história). Certo dia uma menina linda, vamos chama-la de "J", também foi trabalhar no mesmo local. Quando vi a moça, minhas mãos começaram a suar e as minhas pernas bambearam diante de tanta beleza. Não estou exagerando não meus amigos, ela era a "mina". Me apaixonei por ela logo de cara, mas por conta da pouca idade morria de vergonha, até pelo fato de eu ser o faxineiro do pedaço. Não tinha coragem de conversar com ela, só quem já sentiu vergonha sabe como é essa porra. O gozado é que eu achava que ela também tinha gostado de mim, mas nunca falamos sobre isso.  Uma vez fomos ao cinema e eu já tinha traçado todo plano de como iria agir com aquela gata. Ela chegou exuberante e diante de toda beleza eu travei. Foi um desastre aquela noite e não conseguia falar uma palavra se quer e deixei passar a única oportunidade que tive. Dancei.  A partir deste dia, sempre quando ela chegava para trabalhar eu ficava sem jeito e o vermelhão não demorava a colorir o meu rosto. 
"J" então arranjou um namorado. O cara era meio chato e aos poucos ele foi distanciando "J" dos amigos e não demorou para que ela deixasse de trabalhar para viver com ele. 15 anos se passaram. Fui com uns colegas fazer um trabalho na cidade de São José do Rio Preto. Para quem não conhece, Rio Preto é uma cidade muito quente. Só que quando chegamos estava muito frio na cidade. À noite fomos tomar chope no Zero Grau, nem sei se ainda existe essa choperia. Depois de muitas rodadas de chope alguém teve a brilhante idéia de irmos para "zona". Aí fodeu. E fodeu mesmo. Eu nem estava muito afim de ir mas, como era eu quem estava com o carro, resolvi acompanhar os caras. Se eu não fosse iria foder a noite da rapaziada. Chegamos no local. Era uma chácara, com uma bonita casa (claro que tinha lâmpadas vermelhas e abajour cor de carne). Lembro que a dona de puteiro estava grávida eu fiquei ali conversando com ela. Conversando porra nenhuma incorporei o "babaca" dando conselhos pra moça sair da (difícil vida fácil) coisa e tal…De repente meus amigos, sai uma moça de um dos quartos da casa acompanhada por um cara.  Quando olhei pra ela, lembro até hoje minhas palavras em pensamentos foram: putaquipariu que gostosa. Nessa época eu ainda fumava, ela desceu as escadas veio até onde eu estava com um cigarro entre os dedos e perguntou se eu tinha fogo, respondi :"você vai descobrir isso". Quando eu ascendi o cigarro da moça, e a chama iluminou o rosto dela, quase caímos de costas. Era a "J" que estava ali na minha frente. Quando ela viu que era eu falou : "Carlinhos o que você está fazendo aqui"? Respondi, "estou na zona" e devolvi a pergunta "o que você está fazendo aqui?" Sem me responder ela voltou até o cara para se despedir e a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi: caralho, a "J" virou puta! Ela voltou, falou que ia tomar banho e que voltava logo para eu não sair dali. A rapaziada tava "naquela farra" que só quem já foi a zona sabe como é. "Eh coisa boa". Cheguei e contei para a galera que tinha encontrado uma ex-namorada no local. Na verdade nunca fomos namorados pelo fato da vergonha que eu sentia quando chegava perto dela. Acho que ela foi mesmo a minha primeira paixão. A gozação não foi pouca. "J" voltou linda e perfumada e pensei, é hoje! Aí ela começou a conta sua história. E era uma PUTA história. Me contou o que tinha acontecido na época que deixou de trabalhar no estúdio e que depois quando escolheu esta outra "profissão". O tal cara que ela tinha arrumado como namorado, era casado e como disse antes foi isolando ela de tudo e de todos por ciúme.  Depois de usada e abusada por ele, palavras dela, botou a moça na rua só com a roupa do corpo. Como os pais dela eram evangélicos, não tinham aceitado o tal namoro e a tinham colocado para fora de casa. Pra resumir a história: ela perdeu o emprego, os amigos e a família e quando levou o pé na bunda não tinha onde se apoiar. Ela sabia da sua beleza resolveu investir nela para sobreviver. Mesmo quando ela reatou os laços familiares, os pais nunca souberam o que ela fazia para levar a "vida". Ela me disse que não estava arrependida, muito pelo contrário. Falou que estava muito bem de vida, vivia entre Mato Grosso e Goiás e era amante de "alguns" fazendeiros que a bancavam, com carros, apartamentos, jóias e grana. Conversamos muito e rimos pra caramba da surpresa que tivemos ao nos reencontrarmos num local pra lá de inusitado. Quando percebemos estava amanhecendo o dia. Sinalizei a ela minhas intenções ela me interrompeu e disse: Carlinhos você é meu amigo e não vou pra cama com amigos. Pior é que ela estava falando sério. O final da história foi o seguinte lotamos o carro em que estávamos com as moças do lugar, e fomos tomar café numa padaria da cidade. Ela me deu o número do telefone mas eu nunca liguei e acabei perdendo. Nunca mais vi ou ouvi falar de "J". Esta é uma PUTA história que vivi.
Esqueci de dizer o seguinte: dos amigos que lá estavam e não se manifestarem vou entender o porquê. (risos)

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