Ontem, 26 de abril de 2014, encontrei um pessoal da velha guarda do Correio Popular e Diário do Povo na despedida de solteiro do eterno solteiro Camarinha. Entre eles reencontrei Luiz Sugimoto , japonês gente boa e competente que foi editor no Diário. O que mais se ouviu na tal "despedida" foram histórias e mais histórias da época, que vou me permitir chamar de "época de ouro" do jornalismo. Falei pro Luiz de essa história que vou contar que ele não se lembrava mais. Então senta que lá vem história. E essa é de dar vertigem. Em janeiro de 1992, em um prédio estava em construção, na rua Buarque de Macedo no bairro Vila Nova em Campinas, aconteceu um acidente com um dos operários. Naquela época as construtoras não prestavam as devidas atenções no quesito segurança dos trabalhadores. O operário despencou do alto do prédio e morreu. Não me lembro quem havia feito as fotos no local, mas foram feitas apenas da fachada do edifício. Por isso Sugimoto me chamou na redação e disse: Bassan quero estourar essa foto na capa, mas quero uma foto bem próxima do que aconteceu. Respondi, "deixa comigo". Virei as costas e pensei "fudeu". Quem me conhece sabe que altura não é minha praia, e quem me conhece melhor ainda sabe que trabalho pedido tem que ser realizado, então lá fui eu. Chegando ao prédio conversei com alguns peões da obra e disse que estava ali para fazer uma foto do alto do edifício e pedi para que alguns deles me acompanhassem. Fomos subindo degrau por degrau. Quando estávamos bem no alto pedi para que um dos operários ficasse no andar debaixo, no local onde hoje é a sacada dos moradores, enquanto eu subi mais um andar para fotografar no ângulo de cima para baixo mostrando o abismo no qual o operário despencou. Estávamos em pleno verão e subir aquelas escadas deu um "suadô" danado. Aqueles caras trabalhando sem nenhuma proteção e, literalmente, a beira do abismo como vocês poderão ver nas fotos, me deixou ainda mais cuidadoso para não falar do cagaço que senti ao estar ali. Meu nervoso foi tanto que depois das fotos eu não conseguia descer, minhas pernas estavam tremendo e precisei de alguns minutos para me recompor. Disfarcei bem pra caramba, mas sabia que os peões tinham ganhado a fita e perceberam o meu medo, só que gentilmente não disseram nada. Com o resultado a foto foi para o alto da capa do hoje extinto Diário do Povo. Moro em Barão Geraldo e a rua Buarque de Macedo é meu caminho diário. Sempre que passo por ali lembro dessa história e do cagaço que passei para conseguir a foto. Meus amigos, meu medo de altura é tão grande que meu lema é o seguinte: na vida eu olho para frente e para o alto, para baixo nunca. Bom dia!
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