Maria Jandira de prostituta a milagreira

Começar um domingo falando de morte não era o que eu pretendia, mas achei que essa história deveria ser contada. É que no dia 24 de agosto de 1934, há exatos 80 anos, morria em Campinas, de forma trágica talvez a mais trágica de todas, Maria Jandira dos Santos. Na verdade, foi um suicídio dos mais cruéis. E foi por uma desilusão amorosa. Isso aconteceu na rua Visconde do Rio Branco, 631 (pensão de Laudelina Alves). Maria Jandira, na época com 23 anos, se apaixonou por um homem misterioso que prometeu tirar a moça "daquela vida". Só que o tal homem desapareceu da mesma forma que chegou. Maria Jandira não aguentou a decepção e de forma corajosa ou muito covarde - muitos defendem as duas opções - , resolveu dar fim a própria vida.  Ela se trancou em seu quarto colocou álcool em sua cama e em seu corpo deitou-se e ateou fogo. O acontecido foi uma verdadeira comoção na cidade. Sem parentes, seus amigos cuidaram do velório e do túmulo que é o de número 298, na quadra 28 do Cemitério da Saudade. Uma única fotografia dela foi o que restou naquele incêndio, a mesma que identifica o túmulo. Até hoje o local é um dos mais visitados. A moça, que de prostituta passou a ser milagreira, recebe a visita de centenas e milhares de pessoas, que em sua grande maioria também tiveram desilusões amorosas.

Quando eu era criança para ganhar uma "graninha" extra, eu limpava sepulturas e tomava conta dos carros nas ruas próximas ao cemitério, no feriado do dia 02 de novembro. Sempre ficava intrigado com o movimento ao lado da sepultura da Maria Jandira. Atrás dela existe uma capela onde, na época, eram realizadas missas. Eu ficava em dúvida se a cerimonia era para a moça ou para todos os mortos. Essa é a história de Maria Jandira a prostituta que virou milagreira. Um bom domingo a todos!