sábado, 27 de dezembro de 2014

Coisas de Barão Geraldo (26/12/2014)


Ferida aberta (26/12/2014)


Muitas vezes caminho olhando pra cima, procurando alguns flagrantes interessantes para clicar. No bairro Castelo, o ponto mais alto da cidade de Campinas, tem hoje um prédio vazio, onde era antes o Colégio Anglo. Vi essa frase no alto desse prédio: "Amor é só de mãe". Fiz a foto e fiquei pensando o que teria acontecido com essa pessoa, que tipo de decepção faria um "ser" tomar essa medida tão drástica. Será que foi aquela famigerada decepção amorosa, ou aquele famoso "pé na bunda" ainda mal resolvido? Ou o pior de tudo, quando o amor torna-se magoa?
O que teria acontecido para essa pessoa ser tão radical, ao ponto de assassinar um sentimento?  O mundo é reservado para quem se arrisca, para quem ousa, para quem não tem medo de amar, e muito menos medo de se decepcionar mais uma vez. Fico imaginando que no peito dessa pessoa tem uma chaga, uma ferida aberta. Aliás, esse é o título da foto. Lembram da música: levanta sacode a poeira e da volta por cima? Pois é essa a atitude. Então meu amigo ou minha amiga seja lá você quem for que escreveu essa frase, um conselho: vá a luta, tá querendo que as pessoas fiquem com pena de você? Se é exatamente isso que você quer, é uma pena. Amor de mãe sim, mas só de mãe não.

Detalhes na Unicamp (26/12/2014)





quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Moto a álcool (11/05/2002)


Vivendo e aprendendo!
Pouca gente sabe, mas existe moto a álcool. Nem eu sabia. Descobri isso no dia 11 de maio de 2002, quando fotografei um encontro de motociclistas.

Chuck Berry em Jaguariuna (11/05/2002)














Um homem para ser lembrado, Dr Cassio Raposo do Amaral (06/05/2002)





(26/05/2015)


(28/10/2016)







Formado pela primeira turma na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp no ano de 1968, Dr Cassio Raposo do Amaral tinha como missão: tratar pessoas portadoras de deformidades faciais. Para isso fundou a Sobrapar em 1979.  O hospital passou a ser referência colocando Campinas em um lugar de destaque. Muito além de dar literalmente uma "nova cara para as pessoas", nas cirurgias de reconstrução das faces, ele devolvia a elas a dignidade. Em maio de 2002, mais especificamente, no dia 06, fui até o consultório dele na Avenida Moraes Sales, para fotografá-lo. Depois de nos cumprimentarmos ele me disse: que bom que foi você que veio, gosto muito do seu jeito trabalhar e do resultado do seu trabalho. Dr Cassio era um homem, respeitado e  muito reservado. Pela surpresa, ao ouvir suas palavras, nem sabia o que responder apenas agradeci pelo reconhecimento. Fiz essas fotos dele e que hoje compartilho com vocês. Dos prêmios que já recebi esse talvez tenha sido o mais importante deles, e não teve valor  financeiro, veio em forma de reconhecimento e por uma das pessoas mais respeitadas da cidade de Campinas. 
Uma pena o senhor não estar mais por aqui, Dr Cassio.  Quero deixar registrado que sempre fui seu fã, e o senhor nem sabia.

"Gambiarra no mundo animal"(24/12/2014)


O que era tudo para ser uma convivência harmoniosa de aprendizado para homens e animais, está acontecendo de maneira indesejada. Nos grandes centros, e Campinas está nessa seleta lista, os pássaros estão aprendendo e se adaptando com o famoso "jeitinho brasileiro". Vejam por exemplo esse ninho de Bem-te-ví que está entre as esquinas da Avenida Anchieta com a Rua Benjamim Constant, construído nos moldes padrão FIFA. As construções morro acima, ou melhor poste acima, são de deixar qualquer Comunidade morrendo de inveja. 

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Rodoviárias de Campinas: o último dia de funcionamento da velha e o primeiro dia da nova



um brinde a velha rodoviária


Taxistas se despedem da velha rodoviária




Sala de espera da velha rodoviária completamente vazio


últimos passageiros descem para a plataforma de embarque



Funcionário tranca pela última vez o guarda-volumes


última foto interna da antiga rodoviária



funcionário da Cometa e Caprioli retiram as placas




últimos passageiros 






portas são fechadas pela última vez



porta de entrada é trancada pela última vez


plataformas de embarques completamente desertas








último ônibus e os últimos passageiros deixam a antiga rodoviária com destino ao Rio de Janeiro




…assim que o ônibus saiu a rodoviária foi cercada



primeiro ônibus a chegar na nova rodoviária


os primeiros passageiros que desembarcaram na nova rodoviária







muitas pessoas vieram ver a implosão da antiga rodoviária


prefeito Dr Hélio aciona o botão para a implosão


…que levantou poeira, muita poeira




policiais da Guarda Municipal vistoriam o local da implosão





curiosos assistiram a implosão, muitos levaram pedras para casa como lembrança




técnicos da Defesa Civil fazem a vistoria do local da implosão






terreno da antiga rodoviária após implosão




Senta que lá vem história!
…e essa é uma verdadeira viagem que começou em uma rodoviária e terminou em outra, só que na mesma cidade. Isso mesmo duas rodoviárias em uma só cidade. Isso aconteceu em Campinas. Vamos aos fatos de fato. Após 35 anos de funcionamento, a antiga rodoviária de Campinas, localizada nas esquinas da Avenida Barão de Itapura com Avenida Andrade Neves, funcionou pela última vez, e tinha data e hora para o fechamento, em 22 de junho de 2008 a meia-noite. Nessa época eu trabalhava no Correio Popular, no último horário, entrava às 16h e o horário de saída nem Deus sabia. Nesse data fui pautado para fotografar o último dia de funcionamento da antiga rodoviária e o primeiro ônibus a chegar à nova rodoviária (Terminal Ramos de Azevedo). Fui para antiga mais cedo para ir sentindo o clima de despedida, ver como se comportavam os comerciantes que estavam saindo do local, funcionários das empresas de ônibus que já estavam retirando pertences das paredes e das gavetas. Conversar com alguns passageiros que só souberam que aquele seria o último dia quando foram abordados pela equipe de reportagem para falarem a respeito, que ficaram surpresos por estarem prestes a fazer parte da história da cidade. E antigos taxistas que até deram um "tchauzinho" para o prédio depois de aceitarem o meu pedido. Para uns jovens que passavam em frente, ao saberem do que estava para acontecer, fizeram um brinde (tudo isso vocês podem conferir pelas fotos). Aos poucos, os funcionários das empresas dos  ônibus já tinham partido, depois de tudo retirado, trancavam pela última vez a porta dos guiches. A sala de espera dos passageiros ia ficando deserta, a medida que o relógio se aproximava da meia-noite. Registrei um senhor com blusa e cachecol, que foi o último passageiro a deixar a sala, por volta das 23h30. Os comerciantes, a maioria sem saber como seria o dia de amanhã, iam baixando e trancando as portas de seus estabelecimentos depois de tantos anos. O responsável pelo guarda-volumes, trancou pela primeira e última vez seu local de trabalho. Muitas dessas pessoas se comoviam e algumas até choraram pela despedida. O último ônibus (Cometa) sairia exatamente à meia-noite e o destino dos 15 últimos passageiros seria a cidade do Rio de Janeiro. Esse ônibus atrasou pelo menos uns cinco minutos. Devo confessar que o atraso se deu por minha culpa. Eu pedi licença ao motorista para convencer os passageiros a descerem do veículo, para fazermos uma foto ao lado dele. Meu argumento foi que eles entrariam para a história da cidade. Como vocês podem ver, nesta foto o relógio marca 00h03. Registrei então os últimos passageiros, o motorista do último "buzão" a deixar a antiga rodoviária também os funcionários que colocam as malas nos bagageiros dos ônibus. Enquanto alguns homens começavam a furar o chão para fechar com tapumes o antigo prédio, ainda fiz algumas fotos das plataformas completamente vazias e desertas pareciam assustadoras, por aquele lugar já haviam chegado e partido milhares de pessoas, diariamente, para tantos destinos. Naquele momento pensei: acabou aqui uma história de 35 anos. Ainda deu tempo de voltar à sala de espera e fazer a foto dela completamente vazia e silenciosa. Neste momento o relógio já marcava 00h15. 
Mas eu não tinha mais tempo para ficar ali pensando, me lamentando ou dizendo já estava na hora de acabar. Aliás, o prédio deixava muito a desejar em todos os sentidos: era um lugar feio, desconfortável e inseguro,. Muitas mulheres não se sentiam seguras no local, principalmente à noite. Para os motoristas dos ônibus o trânsito não ajudava principalmente nos horários de pico. Partimos para a nova rodoviária pois ainda tinha que registrar o primeiro ônibus chegando e os primeiros passageiros desembarcando no novo endereço. A distância entre as duas rodoviárias é pequena, são apenas algumas quadras. 
A chegada do primeiro ônibus estava previsto para às 00h30, mas ele adiantou uns quinze minutos e nos fez correr para não perder a foto. Consegui, então, fotografar o primeirão ainda na plataforma e registrar a chegada dos primeiros passageiros na nova rodoviária de Campinas, já na madrugada de 23 de junho. 
Fiz fotos de uma rodoviária completamente vazia bem diferente dos dias de hoje. O prédio moderno mais parecia um aeroporto do que uma rodoviária. Acredito que registrei uma transição histórica na cidade e seguramente se eu não trabalhasse em jornal talvez jamais conseguisse ter esse registro. Mas a história ainda não acabou. Depois de dois anos, uma outra oportunidade envolvendo essas rodoviárias veio acontecer, o prédio antigo viria literalmente abaixo, no domingo,  28 de março de 2010. Eu fui um dos quatro fotógrafos que ficaram em pontos estratégicos para acompanhar a implosão. Minha missão era ficar ao lado do então prefeito na época Dr. Hélio e registrar o momento em ele acionaria a chave para a implosão. Cerca de 1.300 moradores tiveram que sair de suas casas e apartamentos, como medida de segurança, num raio de 200 metros. Defesa Civil, Guarda Municipal, SAMU, bombeiros e policiais participaram dessa verdadeira operação de guerra. O prédio estava todo envolto em tecidos para que pedaços de pedras não fossem arremessados longe na hora em que as bombas fossem detonadas. Alguns segundos após a implosão, a poeira ainda dominava toda área. Guardas Municipais desceram a avenida Andrade Neves para se certificarem que tudo estava tranquilo e os moradores do local puderam voltar as suas casas com segurança. Toda essa mobilização atraiu centenas de pessoas que foram acompanhar a implosão e se despedir da velha rodoviária. Muita gente até levou para casa alguns pedaços de pedras que ficaram espalhados pelo chão, para terem uma lembrança do velho prédio. Hoje, da velha rodoviária só restou história e poeira...