Pedindo a devida licença poética. Com muito respeito e todo cuidado do mundo.
Quando fiz essa foto me veio na cabeça o Poema de Carlos Drummond de Andrade, A Flor e a Náusea. Fiquei imaginando qual era a visão do poeta quando escreveu esse belo poema. Que flor ele viu? Que lugar ele estava? Acho que essa flor chega bem perto daquilo que serviu para sua inspiração. Segue um trecho do poema!
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
Carlos Drummond de Andrade
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