Senta que lá vem história. E essa meus amigos é de quebrar as pernas!
As Vilas Manoel Dias e Manoel Freire, são pequenas vilas, dentro da Vila Industrial em Campinas, que ficam em travessas da Avenida Sales de Oliveira. Ambas são centenária e tombadas pelo (Condepacc}. Tudo isso pra dizer que a história que vou contar aqui aconteceu dentro de uma dessas Vilas. Foi um acontecimento meio "tragicômigo". Estou na dúvida se isso aconteceu em 1990 ou 1991. Mas o fato é que naquele verão as chuvas estavam castigando a cidade de Campinas. Atualmente, o lugar está em estado precário, quase desmoronando e já não estava diferente naquela época. E por conta daquelas chuvas o telhado de uma das casas estava comprometido. Na época, eu era repórter fotográfico do extinto jornal Diário do Povo, pelo qual guardo com carinho lindas lembranças de um tempo que não volta mais. O trio que saiu da redação para a realização da "pauta" foi: "Renatão" (no volante}, Marco Benatti (repórter} e eu como fotógrafo. Vou falar um pouco de cada um, começando pelo "Renatão", que era um sujeito gente boa, tipo bonachão que pra morrer de repente levaria uma semana. Já o Benatti "meu brother até hoje, ainda não sei porque". (risos) Repórter dos bons, perspicaz , investigativo e curioso como todo repórter deve ser. E foi justamente pela curiosidade dele que tudo isso aconteceu. Ao chegarmos na Vila, fomos até a tal casa que estava com o telhado comprometido. Só que a moradora da casa não podia nem ouvir falar de jornalistas, não gostava da raça. Aliás acho que para não gostar de repórter se existisse uma fila ela seria muito grande. Batemos palmas várias vezes, já que campainha seria um luxo para o lugar. Até hoje não sei se a pessoa não estava mesmo em casa ou não quis nos atender (eu fico com a segunda opção). Quando estávamos nos preparando para ir embora, uma senhora, também moradora da Vila, chegou até nós e disse: olha se vocês quiserem fotografar, de dentro da minha casa da ver o telhado. Era tudo que queríamos e seguimos com a senhora, eu e o Benatti. Quando entramos na sala tinha um senhor, que era o marido dela com uma das pernas engessada, apoiada numa mesinha de centro, assistindo TV. Cumprimentamos-o com o tradicional "tarrrrrde" e fomos seguindo a esposa dele. Atravessamos a cozinha e chegamos numa área, que era meio área de serviço e meio quintal. A tal senhora me disse que se eu subisse no tanque, dava para ver o telhado. Para quem não me conhece sou um cara grandão, e o tanque não era muito alto. Me apoiando na parede conseguiria subir no tanque sem precisar pisar naquela parte onde se esfrega a roupa. Já o Benatti não era tão alto, e com toda sua inquietação e curiosidade já foi subindo no tanque pisando justamente onde não podia, ou seja nesse lugar onde se esfrega a roupa. Os tanques de antigamente eram de concreto pesado prá caralho e descobrimos isso nesse dia. A dona da casa não sabia, mas a porra do tanque estava solto, não estava chumbado como deveria. Lembro que estava chovendo nesse dia. Quando o Benatti apoiou seu corpo para ganhar impulso e subir, o tanque veio abaixo. Ele deu pulo para trás e se livrou do tombo, eu estava um pouco longe e o tanque virou para o outro lado, justamente no lado que estava a dona da casa. Não deu outra: tragédia anunciada. Infelizmente o tanque atingiu a perna da mulher que não fez nenhum corte, mas na hora começou a inchar. Chamamos o Renatão para levar a senhora num hospital. Apesar dela insistir que estava tudo bem, ela mal conseguia colocar o pé no chão. Enquanto o motorista a levava para o hospital, eu e o Benatti nos divertimos muito com o ocorrido. Nossa conversa era mais ou menos assim: "puta cagada", "putz será que machucou?" Até hoje, quando nos encontramos digo pra ele o seguinte: porra Benatti por que você tinha que subir na porra daquele tanque? E a resposta dele também continua a mesma: vai se foder Bassan, eu tinha que olhar porra. Resolvemos botar o tanque no lugar como mostra a foto. E foi aí que descobrimos o peso do "marvado". Ficamos esperando o Renatão voltar com a mulher, já estávamos ficando preocupados pela demora. Era quase noite quando eles chegaram. Estranhamos porque a mulher estava sentada no banco detrás do "golzinho" do jornal e ela estava de lado. Quando abrimos a porta do carro, para nossa surpresa ela estava com uma das pernas engessada. Ajudamos ela a sair do carro e a levamos até a sala onde estava o marido. O que aconteceu depois disso infelizmente eu não fotografei porque o constrangimento foi muito grande. A mulher sentada ao lado do marido e os dois com as pernas engessadas apoiadas na mesinha de centro era muito hilário, mas não podíamos rir. Era difícil encará-los, pedir desculpas, tentar justificar o injustificável, enfim, aquela situação constrangedora. Lembro que ficava pensando: tinha que ser comigo, ou então, porra vou matar você Benatti, e nem acreditava no acontecido. Nos despedimos do casal com aquele sorriso amarelão, dizendo que íamos ajudá-los todo mês. E isso aconteceu por três meses. Quem já passou por uma redação sabe que a remuneração é de doer. Era mais ou menos assim: vender o almoço pra comprar a "janta". Como nós tínhamos ticket refeição repassávamos o talão para o casal. Foi essa a nossa contribuição e punição pela merda que tínhamos feito. Imagine a situação: o marido e a mulher com as pernas quebradas com filhos pra cuidar e sem poder trabalhar. Ainda hoje quando passo por ali lembro dessa história.
Lembra disso Marco Benatti?
P.S. (nem sei porque sou seu amigo. kkkkkk). Abração meu brother.
Caraio cumpadre.... lembro dessa história e acho que foi em 91, quando tivemos uma das chuvas mais forte na cidade...
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