De repente toca meu telefone. Do outro lado da linha meu editor Serjão Carvalho sujeito gente boa, tipo irmão: Picareta dos picaretas (é assim que ele me chama até hoje) onde você está? Quando ia responder ele disse: "para tudo aí e segue pra rodovia Santos Dumont tem alguém querendo pular da passarela". Ordens são ordens e pra lá segui. Quando cheguei no local, todo mundo quis ajudar e dar as primeiras informações do tipo "é fulana de tal que foi largada pelo namorado", "vai rápido que a nega vai se jogar". A nega no caso era uma jovem que estava desiludida com o fim de um relacionamento no qual seu companheiro entrou com o pé e ela com a bunda. Parei e fiquei olhando fixo para o rosto da menina com minha tele de 200 mm e vi nos olhos dela medo acompanhado de pavor e pensei, ela vai pular. Com a rodovia, parcialmente, interditada e com os homens do Corpo de Bombeiros em ação, o que chamava atenção eram as pessoas que ali chegavam para ver como seria o desfecho da história. Tinha até torcida (desorganizada): "Pula logo que estou com pressa". "E aí vai ou não vai"? gritavam os mais exaltados. Cheguei a ouvir alguém querendo fazer apostas e nem olhei para o sujeito para não ficar com raiva dele. De todos os personagens, os que não chamavam muito a atenção, foram os fundamentais, como se pode ver na foto. Era um grupo de pessoas que estava conversando com a "infeliz" - eles falavam palavras desconexas, todos ao mesmo tempo, de maneira tão alucinante que a menina na tentativa de prestar a atenção nem percebeu o bombeiro vinha correndo pela passarela e um bote certeiro. O cara não podia errar , ele não teria uma segunda chance e se errasse os dois poderiam cair e morrer. Ele pulou em cima da moça e conseguiu evitar o pior, para o meu alívio e para a decepção de dezenas de pessoas que ali se aglomeravam. Rapidamente, todos foram embora, muitos deles frustados e a rodovia foi liberada. E eu segui para a próxima pauta, pensando como o ser humano é esquisito. O título não poderia ser outro: "Anjo da Guarda".
Muito bom, mister Bassa, abração!
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